Atividade teve capacidade de se reinventar


Com a atração de novos usuários de cavalos e criadores a equinocultura retoma mercado


A entrada massiva da cultura de grãos no Paraná diminuiu as pastagens com gado e, consequentemente, isso acabou respigando nos equinos. Números do IBGE apontam que a tropa paranaense teve uma retração de 28% entre 2004 e 2013. O ponto positivo foi a capacidade do setor de se readaptar, com a atração de novos usuários de cavalos e criadores, que se voltam para as provas equestres, marcha, cavalgadas, exposições, passeios e lazer de forma geral. 

Uma raça que sem dúvida conseguiu mostrar força neste novo cenário é o Mangalarga. Cavalo genuinamente brasileiro, com 200 anos de formação, tendo como base de formação os cavalos Alter, que chegaram ao Brasil em 1808, com D. João VI, quando se transferiu para a Colônia com a família real. A raça consegue permear entre as provas equestres e o usuário comum, que busca fazer uma cavalgada de fim de semana. Para atender a esses dois públicos, o Mangalarga pode variar entre R$ 15 mil até valores acima de R$ 200 mil. 

Paulo Vilela Filho é criador da raça desde 1999 e presidente do Núcleo Mangalarga do Paraná. No Haras Alvorada, localizado em Londrina, ele possui 60 animais e trabalha desde a comercialização de genética, com embriões, "barrigas" (óvulos da fêmea), sêmen até éguas e garanhões. No primeiro momento, sua família se interessou pela raça devido à facilidade para trabalhar com o gado. "É um cavalo de fácil criação, se mantendo sempre bonito e apto para o trabalho se tiver apenas uma boa fenagem, capim, sal mineral e água", explica ele. 

Paulo se lembra que quando resolveu apostar na atividade foi um dos piores momentos da raça, comprando assim cavalos a preços bem abaixo de mercado. "Estávamos numa crise econômica que refletiu no setor. De lá para cá só houve evolução e o Mangalarga cresceu junto com a economia, cada vez com animais mais valorizados". 

No momento atual, o criador revela que esperava por uma nova crise, mas percebeu que o valor dos cavalos não retraiu como aconteceu há 17 anos. "O mercado continua firme, com procura tanto de genética como por usuários. Houve até um ligeiro crescimento, o que mostra uma consolidação". 

Como acontece em outras raças, Vilela destaca a busca das pessoas por um lazer mais sadio, ligado à natureza e que fuja do trivial, como os já tradicionais shopping e cinema. "Na região de Londrina, há muitas pastagens bonitas, áreas de mata, em que é possível andar a cavalo e viver um momento perto da natureza. Esses dias mesmo saí do meu haras com amigos e cavalgamos 14 quilômetros até um restaurante rural. Quando chegamos, quem estava de carro ficou nos perguntando como era possível ter esse tipo de lazer. O prazer da cavalgada é enorme e a região que vivemos propicia isso de forma brilhante". (V.L.)

Fonte: Folha de Londrina